Por Carlos Roberto (Carlão)

Paróquia Nossa Senhora Aparecida – Santos

“Ao verem de novo a estrela, os magos sentiram uma alegria muito grande. Quando entraram na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Ajoelharam-se diante dele, e o adoraram. Depois abriram seus cofres e lhe ofereceram presentes: ouro, incenso e mirra.” (Mt 2, 9-11)

A Igreja vive um momento especial na comunidade cristã. Logo após o período do Natal, temos a festa da Epifania do Senhor. A palavra epifania vem do grego “epiphanéia” com o sentido de “manifestação”, “aparição” e “descoberta”.

Essa festa também é conhecida como a “festa dos reis magos” ou “reisado”. A passagem do evangelho de Mateus descreve que logo após o nascimento do Menino Jesus, Ele foi visitado pelos reis magos Belquior, Baltasar e Gaspar. Disposto na manjedoura, tão pequeno e frágil, é adorado como o Rei dos reis. A natureza divina do Menino Deus é “exposta” pelo encontro com os reis magos, que lhe presenteiam. Essa “manifestação da divindade” é a primeira Epifania do Senhor.

O encontro dos reis magos (representando as diversas culturas e sociedades) com o Menino Deus também pode ser considerado o primeiro contato de Jesus com seu povo. Interessante observar que durante Sua missão de evangelização, conversão, cura e promoção do Reino, Jesus continuou a realizar a cultura do encontro com as pessoas, gerando novas Epifanias de acolhimento e serviço.

Importante destacar que a Epifania do Menino Jesus junto aos reis magos é a somatória da humildade e reverência dos visitantes com o acolhimento, disponibilidade e singeleza do Menino Deus e seus pais Maria e José.

Outro episódio que pode exemplificar a epifania como uma cultura do encontro é a passagem das Bodas de Caná no evangelho de João. Nesse contexto, Jesus está presente na festa junto com os noivos, convidados e organizadores do enlace matrimonial.

“Como viesse a faltar vinho, a mãe de Jesus disse-lhe: ‘Eles já não têm vinho’. Respondeu-lhe Jesus: ‘Mulher, isso compete a nós? Minha hora ainda não chegou’. Disse, então, sua mãe aos serventes: ‘Fazei o que ele vos disser’.” (Jo 2, 3-5)

O encontro da sensibilidade e pedido de Maria com a disponibilidade e escuta ativa de Jesus proporcionou o primeiro milagre de Sua vida pública. Não como uma obrigação, mas como um ato de abertura e sensibilidade, uma Epifania do amor de Deus para com seus filhos e filhas.

A palavra epifania, além do sentido religioso, também pode ser utilizada e vivenciada no cotidiano, principalmente na experiência humana de conhecimento, partilha e reciprocidade. Uma das reflexões realizadas pelo Papa Francisco na Santa Missa celebrada na Capela Santa Marta em 2016, falou sobre a cultura do encontro a partir da passagem da viúva de Naim no evangelho de Lucas (Lc 7, 11-17).

Nesse episódio, Jesus encontra uma viúva que estava no cortejo funeral de seu único filho e, novamente em contato com as necessidades humanas, Jesus sente compaixão e faz o milagre da ressurreição do menino.

A partir da experiência de Jesus, o Papa Francisco nos convida a exercitar também esse encontro com o outro. Trabalhar por uma cultura de acolhimento que olha, escuta e abraça as pessoas. Uma cultura da simplicidade, compaixão e serviço.

Para Bingemer (2017), a cultura do encontro é um dos grandes pilares do pontificado do Papa Francisco, principalmente no combate a indiferença que muitas vezes temos em nós, criando relações superficiais. Destaca ainda que o respeito e acolhimento às diferenças estabelece o crescimento do encontro com o outro, enriquecendo a Igreja e toda a sociedade.

Amigos e amigas, importante que nós, como pessoas, tenhamos uma vivência da epifania do encontro. Despojando-se das vaidades e do enfrentamento. Abrindo-se para caridade, compreensão e partilha.

Que possamos, nessa Festa da Epifania, imitar os reis magos e seguir a estrela até o Menino Jesus para adorá-lo e presenteá-lo com nossos dons e competências humanas. Mas que também possamos nos espelhar na Sagrada Família, com a disponibilidade de receber, olhar, escutar e acolher o outro com respeito, generosidade, alegria, atenção e amor.

Paz e Bem!

Salve Maria!

Referências:

BINGEMER, Maria C. A cultura do encontro. Revista Dom. Disponível em: https://domtotal. com/artigo/6709/30/05/a-cultura-do-encontro/. Acesso em janeiro de 2024.

FRANCISCO. Papa. Meditações Matutinas na Santa Missa Celebrada na Capela Santa Marta. Por uma cultura do encontro. Vaticano, 13 setembro de 2016. Disponível em:  em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/cotidie/2016/documents/papa-francesco-cotidie_20160913_cultura-do-encontro.html. Acesso em janeiro de 2024.

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